Por: ADRIELE PEREIRA, ENEIDE FERREIRA,
MARCUS SANTOS, MAYARA PAIVA, THAÍSE ADORNO, SINARA, VÂNIA ALVES.
Análise
dos aspectos éticos do filme: Um Ato de Coragem
Se aqui no Brasil uma pessoa
armada invadisse uma propriedade privada, fazendo reféns e exigindo mudanças
nas leis, como você a classificaria? Como criminosa? O filme “Um Ato de Coragem” conta a história de John, homem
comum, que trabalha em uma indústria. Ele, sua mulher e seu filho vivem de
forma simples, amorosa e religiosa, apesar de terem algumas dividas. O drama da
família começa quando descobrem que seu único filho está gravemente doente e
precisa de um transplante de coração.
Então, o pai se vê em estado de desespero e procura
encontrar formas para pagar o tratamento do seu filho, já que, é avisado que
seu plano de saúde não cobriria aquele tipo de intervenção, pedindo, então,
ajuda ao governo, empréstimo em bancos sem sucesso, vendendo a maior parte de
seus bens e pedindo doações. Mesmo, com esses esforços é impossível obter a quantia
suficiente para pagar o tratamento. Sem dinheiro, sem ter mais a quem recorrer,
com a certeza de que seu filho iria morrer se nada fizesse, ele toma uma medida
desesperada. Invade armado o setor de emergência do hospital onde seu filho
encontra-se internado, sequestra e faz reféns médicos, trabalhadores e
pacientes afirmando que só vai se entregar quando seu filho for operado. Sem
opção ele tenta negociar com a polícia, mas está disposto a perder sua vida
para salvar a de seu filho.
O filme vai
seguindo e com ele uma sucessão de atos de vários personagens ou de instituições,
tais como o sistema de saúde, os profissionais, as autoridades, os pacientes, a
mídia que nos leva refletir a partir do olhar da ética.
O filme é uma grande critica ao sistema de saúde americano, no qual só
tem acesso à saúde quem pode pagar por ela, no caso, o hospital se nega a fazer
a cirurgia se não houver o pagamento, mesmo sabendo que a criança corria risco
de morrer. Sendo a vida nosso bem maior, como negar atendimento a um cidadão
que não pode custear sua saúde? Estaremos sendo éticos reduzindo à saúde a uma
mercadoria?
A visão de ética do personagem principal foi turvada ou sofreu
modificação pelas frustrações e injustiças que sofreu, levando-o a chegar às
'vias de fato', recorrendo a um ato de violência física e violação dos direitos
(como a liberdade, por exemplo) de terceiros. Ou seja, ao filho dele foi negado
um direito (direito a saúde e tratamentos que possibilitem a mesma), portanto,
ele achou necessário 'negar' a outras pessoas seu direito a liberdade para que
reassegurasse o primeiro. Situações extremas
levam a atitudes extremas, mas para salvar a vida de alguém precisamos colocar
a vida de outros em perigo? Onde fica a linha tênue que divide um cidadão
abnegado que vai até as ultimas conseqüências para salvar um ente querido de um
criminoso? São questões complicadas que leva-nos a ter inquietações. Se todos
fizéssemos, aquilo que fosse melhor para
nós, viveríamos em um mundo de egoísmo ético, e isto levaria ao fim da
sociedade.
Em relação aos reféns, as opiniões ficaram divididas muitos
apoiaram a atitude de John e outros não, principalmente os preconceituosos e
que também cometiam atos vistos pela sociedade como imorais. Ao médico foi dado
o papel de “mau”,
caracterizando este como o profissional da saúde que só pensa em dinheiro. A
mídia coube o papel de sensacionalista, de um querer faturar em cima de uma
história comovente e ao mesmo tempo polêmica, que acabou colocando a população
a favor do “sequestrador”. A uma das autoridades envolvidas coube o papel de
manipulação de jogos de interesse, quando percebeu que sua imagem não seria bem
vista a partir de determinada atitude considerada antiética pela sociedade e que poderia colocar em risco sua candidatura a deputado. Chamamos a atenção para o último questionamento
do filme, a nós cabe o direito de encerrar nossa própria vida em benefício da
vida de outro alguém?
Enfim, aqui
não se esgota toda a temática ética que o filme trata, por isso vale a pena
assisti-lo, aprofundar e refletir nessas e em outras questões (anti)éticas a
qual o filme traz a tona. É uma história intrigante e como
expectadores sabendo da vida, da luta e da situação do pai, é quase automático
nos simpatizarmos com sua história, mesmo, sabendo que ele comente um crime.
Analisando toda a questão damos a nós
mesmos a explicação de que só concordamos com o modo como ele agiu (embora
saibamos que não é 'correto'), porque ele foi levado a isso por uma condição
extrema, de 'vida ou morte', e que ele tinha 'boas intenções'. E é por isso que
existe um dilema ético: embora o pai tenha infligido a moral, sentimos de que
alguma forma o que ele fez, depois de todas as reviravoltas, se torna um ato
ético, pois ele agiu de acordo com o que era certo e necessário para ele
naquele momento. Isso nos leva a questionamentos que deixamos como forma de
reflexão interna para você amigo leitor: A ética é um elemento sujeito ao
tempo, aos momentos e situações? Até que ponto para garantirmos nossos direitos
podemos nos sobrepor ao direito do outro? E se fosse um ente querido nosso,
como agiríamos?