sábado, 13 de outubro de 2012

Ética e filme Uma Prova de Amor


          Não é comum nos colocarmos em situações complexas, onde nos imaginemos tomando decisões difíceis, que, além de impactar nas vidas afetem diretamente nas vidas das pessoas ao nosso redor, principalmente daquelas que mais amamos. No entanto, o filme “Uma Prova de Amor” faz despertar sentimentos de dúvida e indagação, em especial sobre a ética.

O filme “Uma prova de amor” aborda vários temas relevantes para serem refletidos em nossa sociedade. Com um contexto permeado de tristeza e conflitos, o filme nos leva a questionar o que é de fato “ético” ou “anti-ético”. Como as pessoas lidam de diversas maneiras com perda de um ente querido.
            É ético um médio indicar que se gere uma vida para o suprimento da vida de outro?  Que pais tenham outro filho para salvar a vida do irmão? Que este seja projetado com características específicas em prol desse motivo? Até que ponto os pais podem usar de seu poder sobre os filhos? O filme nos leva a pensar “a partir de qual idade os indivíduos são capazes de tomar decisões relacionadas ao seu corpo físico e mental?
Não seria uma “carga” muito grande para qualquer indivíduo nascer com essa “missão” de salvar alguém? O amor pode transcender a ética? O prolongamento da vida é sinônimo de vida digna?
            Esses questionamentos surgem a partir da história retratada no filme de uma criança gerada por fertilização, com uma combinação genética perfeita para ser doadora compatível para sua irmã com leucemia. Sugestão esta dada pelo médico por não encontrar alternativa para salvar a vida da menina com câncer, os pais pelo amor a filha doente aceita. A princípio, era somente para doar sangue do cordão umbilical e depois passa a infância envolvida em vários procedimentos cirúrgicos, chegando à cogitação de transplante de rim. Nesse momento, cansada dos procedimentos médicos, dos efeitos colaterais do mesmo, e ciente que terá uma vida limitada se doar o rim, ela aos 11 anos tenta na justiça lutar por emancipação médica, enfrentando os seus pais, de maneira a ter direito de decisão sobre o que fazer com seu corpo.
Outro aspecto relevante do filme é o quanto as pessoas passam a se dedicar a algum aspecto específico da vida, depositando toda sua energia e dedicação, porém não percebem que outros aspectos (e pessoas) estão sendo negligenciados. Como o amor incondicional de uma mãe capaz de tudo para salvar a vida da filha põe em vista a sua moral, ou seja, as suas escolhas que regem esta situação de vida e morte. Abrindo mão do princípio ético de não malefício a sua segunda filha, a criança de proveta, e não respeitando a escolha de morte com dignidade da filha primogênita. Ainda a mãe, consumida por sua luta de salvar sua filha, acaba negligenciando os dois outros filhos e o marido.
A filha que foi gerada para contribuir com a vida da irmã, levanta-nos uma questão difícil de ser analisada e julgada. Mesmo a pedido da irmã, a resistência da doação, nos trás a tona um grande problema ético, o qual envolve vidas. Seria certo com a filha mais nova, Anna, a obrigação de doação de medula à sua irmã? Seria justo a geração de um ser, para o suprimento da vida de outro, mesmo em caso de vida e morte? Qual seria a atitude mais ética, quando duas vidas então em jogo, uma feita para a outra?  
 Vidas em jogo, num jogo que não nos permite errar. Provas de amor. E não só de amor. Provas de superação, se confiança, de união. Prova de vida, pois qual é a vida que não apresente decisões difíceis e nelas muitas vezes nos cegamos diante do certo e errado. E o que seria o certo e errado para salvar uma vida? Ainda mais de quem amamos.
A resolução da complexidade dessa história não é fácil e só vivenciando situação análoga que se pode fazer o julgamento de qual conduta é mais coerente e menos dolorosa. O filme ainda permite a reflexão de que devemos viver cada dia intensamente, como se fosse o último, afinal não sabemos quando será este dia, e a enfrentar com alegria os momentos de adversidade, pois se pelo menos não conseguirmos transpô-lo mais que seja doce, suave e inexorável à tentativa.

Por: Daniele Lima, Juliana Paim, Lília Campos, Maurício Freitas, Mércia Castro e Tamires Borges.

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